Entropia, Educação e Política
Entropia, Educação e Política
Os alunos de física deparam-se em algum momento de suas vidas com o conceito de entropia, algo aparentemente difícil de definir. Esquecidos os aspectos formais matemáticos, e com o perdão de Boltzmann, pode-se defini-la como a medida da desordem de um sistema fechado. Diz-se também que a entropia só pode aumentar. O que raios quer dizer isto? Será a quantidade de coisas jogadas a esmo no quarto dos filhos? É o que para muitos impede a viagem no tempo. Pois bem, testemunhei um exemplo prático dado inadvertidamente por um professor de Química Para Físicos numa conceituada universidade pública. O esforçado mestre tentava explicar aos pupilos, ou membros do corpo discente (como aparece no currículo de um candidato político), a dificuldade em se observar aspectos do mundo micro, em contraste com a facilidade em se observar o mundo macro. Num rompante construtivista chamou uma menina sentada na primeira fila e cochichou algo no seu ouvido. Esta correu ao quadro negro (sim, ainda existem) e prontamente desenhou uma figura logo reconhecida por todos (creia, eram alunos de física mesmo) como um elefante. Marotamente o mestre chama um rapazinho sentado na 1a. fila, equipado com boné dos NYK e tênis de skatista, e novamente cochicha algo. O rapaz, de olhos arregalados, dá um passo atrás no verdadeiro estilo Vade Retro e responde de pronto: "Não sei desenhar uma!". Segue-se o seguinte diálogo:
M (ainda calmo): - "Desenhe como tu imaginas."
A (visivelmente constrangido): - "Não posso, nunca vi uma!"
M (algo irritado): - "Desenhe o que puderes!"
Com um profundo e desolado suspiro o aluno arrastou-se até o quadro negro, pegou um bastão de giz (sim, aquele que solta o pozinho) e iniciou traços que, para o espanto geral (mesmo dos físicos), começaram a tomar as formas de um corpo feminino nu. Quando ganhou pêlos pubianos e seios, até os alunos do fundo da sala (lembro-me especialmente de um que se vestia todo de preto, camiseta do Iron Maiden, óculos escuros) acordaram. O mestre ficou reduzido a um simulacro da mulher de Lot enquanto criava coragem para perguntar o que afinal era aquilo? Após um intervalo que pareceu infinito, conseguiu balbuciar: - "Mas afinal, o que é isso? O que foi que eu pedi para desenhares?". Ao que o agora indignado aluno respondeu: - "Uma P..., conforme pedido!". O mestre desolado grita: - "era uma PULGA, uma PULGA!". A demonstração efetivamente provada da dificuldade de observar coisas do universo micro comprovou também que a entropia de um sistema só pode aumentar. Com certeza a desordem no final daquela aula era infinitamente maior do qua a do início da aula. O que tem isto a ver com política? Observem o cenário político nacional. Ora, a desordem no Congresso Nacional, assim como a do quarto dos nossos filhos, só aumenta. E prova que, contra tudo o que se acreditava até agora, a combinação de um professor de química com alunos da física pode se transformar em algo divertido.
Paulo Roberto Heuser
Os alunos de física deparam-se em algum momento de suas vidas com o conceito de entropia, algo aparentemente difícil de definir. Esquecidos os aspectos formais matemáticos, e com o perdão de Boltzmann, pode-se defini-la como a medida da desordem de um sistema fechado. Diz-se também que a entropia só pode aumentar. O que raios quer dizer isto? Será a quantidade de coisas jogadas a esmo no quarto dos filhos? É o que para muitos impede a viagem no tempo. Pois bem, testemunhei um exemplo prático dado inadvertidamente por um professor de Química Para Físicos numa conceituada universidade pública. O esforçado mestre tentava explicar aos pupilos, ou membros do corpo discente (como aparece no currículo de um candidato político), a dificuldade em se observar aspectos do mundo micro, em contraste com a facilidade em se observar o mundo macro. Num rompante construtivista chamou uma menina sentada na primeira fila e cochichou algo no seu ouvido. Esta correu ao quadro negro (sim, ainda existem) e prontamente desenhou uma figura logo reconhecida por todos (creia, eram alunos de física mesmo) como um elefante. Marotamente o mestre chama um rapazinho sentado na 1a. fila, equipado com boné dos NYK e tênis de skatista, e novamente cochicha algo. O rapaz, de olhos arregalados, dá um passo atrás no verdadeiro estilo Vade Retro e responde de pronto: "Não sei desenhar uma!". Segue-se o seguinte diálogo:
M (ainda calmo): - "Desenhe como tu imaginas."
A (visivelmente constrangido): - "Não posso, nunca vi uma!"
M (algo irritado): - "Desenhe o que puderes!"
Com um profundo e desolado suspiro o aluno arrastou-se até o quadro negro, pegou um bastão de giz (sim, aquele que solta o pozinho) e iniciou traços que, para o espanto geral (mesmo dos físicos), começaram a tomar as formas de um corpo feminino nu. Quando ganhou pêlos pubianos e seios, até os alunos do fundo da sala (lembro-me especialmente de um que se vestia todo de preto, camiseta do Iron Maiden, óculos escuros) acordaram. O mestre ficou reduzido a um simulacro da mulher de Lot enquanto criava coragem para perguntar o que afinal era aquilo? Após um intervalo que pareceu infinito, conseguiu balbuciar: - "Mas afinal, o que é isso? O que foi que eu pedi para desenhares?". Ao que o agora indignado aluno respondeu: - "Uma P..., conforme pedido!". O mestre desolado grita: - "era uma PULGA, uma PULGA!". A demonstração efetivamente provada da dificuldade de observar coisas do universo micro comprovou também que a entropia de um sistema só pode aumentar. Com certeza a desordem no final daquela aula era infinitamente maior do qua a do início da aula. O que tem isto a ver com política? Observem o cenário político nacional. Ora, a desordem no Congresso Nacional, assim como a do quarto dos nossos filhos, só aumenta. E prova que, contra tudo o que se acreditava até agora, a combinação de um professor de química com alunos da física pode se transformar em algo divertido.
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3 Comments:
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