14.4.09

514 - Uma grande arma

Foto: Paulo Heuser
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Uma grande arma

Por Paulo Heuser


Li uma notícia extremamente idiota no jornal de ontem. Dava conta de que um norte-americano esfaqueou seu companheiro de quarto porque ele - como direi? – soltou um pum. Peido dado, bugio deitado, simples assim. Por outro lado, li um artigo sobre fontes alternativas de energia, na edição eletrônica da Scientific American, onde faziam um balanço interessante das opções mais ou menos factíveis para se extrair energia de algum lugar sem dinamitar com o resto do ambiente. São oito alternativas, que vão do aproveitamento das forças de marés à fusão nuclear, imitando o Sol.

Neste momento, faz-se evidente a relação entre as duas matérias. O corpo humano obtém energia através de reações químicas e gera subprodutos que têm algum potencial energético. Não deve ser novidade para ninguém o fato de que pum queima, pois contém metano. Quem tem biodigestor, sabe. Pois somos todos biodigestores ambulantes. Quem já percebeu isso é o governo da Bolívia, ao nacionalizar os puns. Contudo, o potencial energético do pum não aparece no rol das fontes alternativas de energia do estudo publicado na Scientific American. Seria segredo de estado? Imaginem o Presidente jactando-se de que nenhum povo antes neste País fez tanto pum como este. Emprestar dinheiro ao FMI e exportar gás de pum. Definitivamente, este País não é mais o mesmo. Poderão criar a Flatobrás, estatal encarregada de extrair, engarrafar e distribuir gás de pum.

Quando li essas coisas, lembrei-me do Uli. Ele fabrica cachaça. Tem um alambique de verdade, com licença, registro e tudo o mais. O produto do alambique é de primeira e envelhece durante três anos em barris de carvalho. Coisa fina, à venda nas melhores casas do ramo. Na última vez que passei por lá, vi uma grande pipa de carvalho, do lado de fora da adega. Fiquei a imaginar o que haveria lá dentro. A mulher do Uli pareceu adivinhar meus pensamentos e respondeu à pergunta ausente:

- O Uli está fazendo chucrute.

Tudo bem, dá para se entender. Nada como um tira-gosto para acompanhar a boa cachaça. Um chucrutezinho, no capricho. Chucrutezinho? Só de bater o olho, mesmo de revesgueio, calculei que aquilo conteria uns cinco metros cúbicos de chucrute. Deve ter liquidado com a produção regional de repolhos. Todo apreciador do chucrute sabe do seu potencial. Eu não sei o que o Uli pretende, mas ele terá energia potencial suficiente para iniciar a Terceira Guerra Mundial ou para mandar um homem a Marte.

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