459 - Mais sobre buracos negros
Diagrama: Wikipedia
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Mais sobre buracos negros
Por Paulo Heuser
Poucos sabem para o que serve o LHC – Grande Colisor de Hádrons -, e os que sabem, não sabem explicá-lo. Assim, o que for dito, cola. Esse é um dos aspectos interessantes da Física de Partículas. Os objetos dos estudos estão na escala nanoscópica, mas os efeitos da interação entre essas partículas podem ser percebidos amplamente na escala macroscópica. Vide o exemplo da bomba atômica, quando partículas são separadas e liberam enorme quantidade de energia. Outro exemplo macro vem do Sol, onde núcleos de átomos são fundidos.
Ontem assisti àquelas entrevistas de populares passantes. O sujeito vinha tranqüilo pela rua, pensando em pagar o carnê de qualquer coisa, quando surgiu a repórter de microfone na mão, escudada pelo câmera. A pergunta pegaria qualquer um no contrapé: você sabe o que é o Big Bang? A primeira vítima, uma dona de casa, respondeu à pergunta afirmando que era do lar, e apenas lhe diziam respeito as coisas do lar. O segundo entrevistado preferiu seguir a linha dos conflitos bélicos. Sabia que o Big Bang era uma guerra em alguma parte do mundo. Imagino que mais entrevistas levariam aos resultados mais inesperados.
Não sei onde anda o pessoal da publicidade. O que fazem os grandes patrocinadores, que ainda não ofereceram os hádrons que deram a primeira volta no anel do LHC? Estarão dormindo nos louros da vitória dos Jogos Olímpicos? Hádrons campeões chegam próximos à velocidade da luz porque vestem maiôs e sapatilhas das grifes corretas. Quanta receita potencial perdida!
Quando os publicitários acordarem deste hiato interolímpico, talvez enxerguem o potencial da coisa toda. Imagine só um sabão em pó contendo hádrons! Tudo bem que ninguém sabe o que são hádrons, mas quem lá sabe o que é lipolase? Trocam-se alhos por bugalhos, mas o que importa é que uma mensagem foi passada. O que dizer, então, do iogurte com hádrons ativos? E das pastilhas de menta com nanoburacos negros? Afinal, o que é um buraco negro? São perguntas que não têm resposta fácil, mas têm enorme potencial mercadológico. Pizza de brócolos com catupiri e borda de hádrons - receita para o sucesso. Os hádrons poderão ser subdivididos nos bárions e mésons, e estes nos píons e káons, todos com acento, proparoxítonas ou não. Aqui, pois em Portugal serão bariões, mesões, piões e kaões. O céu deixa de ser o limite, que agora está no nanomundo, inclusive nos xampus anticaspa com píons sedosos. Hádrons podem ser átomos de hidrogênio que perderam seu único, e até então fiel, elétron. Alguém dirá que o que sobra é apenas um íon miserável de hidrogênio, ou um próton. O menor átomo, e ainda assim capenga.
O aproveitamento publicitário da Física de Partículas não é novo, basta se dar uma olhada nas propagandas do período pós-Segunda Guerra Mundial. Tudo o que era bom era atômico e radioativo.
É na política que a Física de Partículas pode contribuir muito. Não tardará o discurso: “Os hádrons são nossos!”. O LHC utiliza um enorme acelerador de partículas. Não sei se ele carece de mãe, mas temos a Mãe do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Acelerador de partículas e acelerador do crescimento, ambos são fontes de hipotéticos buracos negros que sugam todo dinheiro ao seu redor. Brincar de Deus custa caro.
Marcadores: bárion, cern, crescimento, fisica de partículas, Grande Colisor de Hádrons, Hádrons, hidrogênio, íon, káons, Large Hadron Collider, LHC, Lula, Mãe do PAC, PAC, píons
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