Corações Dementes
Corações Dementes
Por Paulo Heuser
A evolução das espécies costuma ser lenta. Não notamos alterações evolutivas importantes, em prazos curtos como a nossa própria existência. O processo é muito lento, já que as alterações ambientais que os acarretam, ocorrem também lentamente. Não sei se foi o aquecimento global, muito rápido, o que provocou mutações estranhas em alguns animais. Nas galinhas, mais notadamente. Venho observando o inexplicável aparecimento de tecidos orgânicos estranhos, junto aos corações das aves.
Por Paulo Heuser
A evolução das espécies costuma ser lenta. Não notamos alterações evolutivas importantes, em prazos curtos como a nossa própria existência. O processo é muito lento, já que as alterações ambientais que os acarretam, ocorrem também lentamente. Não sei se foi o aquecimento global, muito rápido, o que provocou mutações estranhas em alguns animais. Nas galinhas, mais notadamente. Venho observando o inexplicável aparecimento de tecidos orgânicos estranhos, junto aos corações das aves.
Quando visto pela perspectiva culinária, o coração da galinha é sempre a mesma coisa, mais gorda ou mais magra. Um pedaço de carne lisa, em formato de cuia, com encanamento na parte superior e gordura. Era, na verdade. De um tempo para cá, algo mudou. Eu posso jurar que nos corações de galinha vendidos nos supermercados têm aparecido tecidos que, ao primeiro exame mais superficial, na cozinha, apresentam hepatócitos e, o que considero mais grave, capilares sinusóides, que possuem macrófagos, denominados Células de Kupfer. E aí é aquilo que todo mundo já sabe, as células metabolizam as hemácias velhas (só as velhas!), digerem suas hemoglobinas, secretando coisas nojentas que atacam bactérias, etc. Nada de novo.
Ou melhor, há algo de muito novo nisso, pelo menos no coração. Qualquer cozinheiro ou cozinheira sabe que corações de galinhas não apresentam Células de Kupfer! Bilirrubina então, nem sonhar! Optei por um teste mais sofisticado, mais conclusivo, do que a mera observação visual. Cozinhei a coisa. Não sobrou dúvida alguma. A coisa tem aparência de fígado, cor de fígado e gosto de fígado. Trata-se de fígado, portanto.
À luz da nova descoberta, cheguei à conclusão de que podem ter ocorrido duas situações bastante distintas, uma sustentada pelo evolucionismo, que defende a evolução darwiniana, outra pelo criacionismo, que defende a presença de entidades inteligentes, por trás dos eventos como as mudanças nas espécies.
No primeiro caso, apesar de eu (e talvez todos demais) não conseguir entender por que, as galinhas estariam desenvolvendo células hepáticas no coração. Vejo apenas problemas, nesta hipótese. Passaremos a observar patologias combinadas de coração e fígado? Ainda bem que galinhas não comem feijoada nem tomam porres, senão poderiam adquirir hepatocardiopatias (ou cardiohepatopatias?). Algo aí não bate bem, pois mutações rápidas como essa costumam inviabilizar os indivíduos. O bicho nem teria crescido, para o abate, caso saísse vivo do ovo.
A segunda hipótese, criacionista, cai como uma luva, neste caso. Ora, parece evidente que há algo, ou alguém, inteligente por trás disso. Certamente há algum demente desgraçado, espertamente misturando o fígado nos pacotes de corações de galinha!
E-mail: prheuser@gmail.com
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