14.8.08

442 - Whoopi Goldberg e os metamateriais



Fonte: Wikipedia
.
.
Whoopi Goldberg e os metamateriais

Por Paulo Heuser


Por vezes, fatos isolados nada significam. Contudo, quando relacionados, podem significar muito, muito mesmo. Ontem me caiu diante os olhos um resumo de trabalhos publicados nas edições de 13 de agosto, da revista Nature, e de 15 de agosto, da revista Science. Ambos tratam de algo que mexe com a imaginação. Os autores do primeiro trabalho são Shuang Zhang e Thomas Zentgraf, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Os autores do segundo trabalho são Zhaowei Liu e Yongmin Liu, da mesma universidade. Os trabalhos tratam dos metamateriais, que apresentam propriedades extraordinárias para curvar feixes de luz. Antes que alguém pense em desenvolver lanternas que iluminem objetos depois da esquina, esses materiais têm aplicação certa na microscopia ótica, pois permitirão o desenvolvimento de aparelhos que permitirão “ver” objetos menores do que o comprimento de onda da luz visível, como vírus e cadeias de DNA.

Se essa aplicação não excita muito quem não vive da microscopia, há outra, um pouco mais distante no tempo, que certamente mudará muita coisa neste nosso mundo visível. As propriedades singulares dos metamateriais permitirão, eventualmente, o desenvolvimento da camuflagem completa, ou invisibilidade. Orientada através de dispositivos utilizando cobertura de metamateriais, a luz fluirá ao redor dos corpos, como a água flui ao redor de uma pedra num rio. A visão do observador será a do que está atrás do objeto. Da teoria à prática há um longo caminho, com certeza. Porém, Nature e Science não costumam publicar apenas sonhos. Se os trabalhos estão lá, é porque há sustentação científica suficiente. Será uma questão de tempo. Quem viver, verá.

Eu não relacionei logo a camuflagem perfeita com a Whoopi Goldberg. Depois, ligando as coisas, lembrei-me do papel dela como Guinan, no seriado Jornada Nas Estrelas - A Nova Geração. Os Klingons tinham uma nave com capacidade de camuflagem, através da invisibilidade. A realidade vai, lentamente, ao encontro da ficção. E a Whoopi Goldberg veio ao meu encontro. Se não era ela, era um clone perfeito. Pegou-me no contrapé. Eu estava naquele estado semicataléptico pós-almoço, parado na praça, quando ela chegou, cheia de adesivos e botões de campanha eleitoral. Pensei imediatamente que o Obama e o McCain estivessem estendendo seu território eleitoral, o que me levou a dizer:

- Mim não votarr lá!

Então ela explicou-me que era candidata a vereadora, aqui, e pediu meu voto. A Whoopi eu ainda conhecia, mesmo que só através das telas, mas quem seria esse clone perfeito? Nunca a vira mais gorda, a não ser nas telas. Pedir voto desse jeito é coisa de candidata a miss do grêmio do colégio. Algo como:

- Vota em mim, tio?

Foi então que juntei Klingons, Whoopi, Zhang e Zhaowei. Além das aplicações científicas e bélicas da camuflagem, teremos a camuflagem eleitoral. Vestiremos o manto da invisibilidade cívica, como aquele da Mulher Maravilha, que nos permitirá lagartear na praça, após o almoço, sem sofrermos o assédio de Whoopies e Klingons.



prheuser@gmail.com
www.pauloheuser.blogspot.com
www.sulmix.com.br

Marcadores: , , , , , , , , , ,