18.2.09

502 - Companhia Indiana das Índias Ocidentais


Foto: Wikipedia
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Companhia Indiana das Índias Ocidentais

Por Paulo Heuser


Lá pelos muito idos de 1600 d.C., um grupo de ricos comerciantes britânicos fundou a Companhia Britânica das Índias Orientais, que recebeu da rainha Elizabeth I, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, o monopólio sobre a comercialização do chá. O negócio foi de vento em popa, apesar das tentativas de portugueses, franceses e holandeses de romper o monopólio. A importância do monopólio do chá, na época, poderia ser comparada, hoje, à importância do monopólio da comercialização das drogas lícitas e ilícitas durante o Carnaval. Destas, não sei a quem pertence, mas há o daquelas, pois todas as cervejas vêm da Companhia Cervejeira das Índias Ocidentais.

A Companhia Britânica das Índias Orientais centrou sua atuação na Índia. O monopólio do chá incomodava particularmente os colonos que haviam desembarcado na América do Norte. Na noite de 03/12/1773, comerciantes camuflados de índios Mohawk derramaram a carga de 342 caixas de chá dos navios da Companhia Britânica, no porto de Boston, em forma de protesto. Esse evento, conhecido como a Festa do Chá de Boston, fez parte daqueles que levariam à independência norte-americana. A perda do mercado da grande colônia foi um duro golpe no monopólio britânico do chá. Após a Revolta dos Sipaios, em 1857, o governo britânico comprou os direitos da companhia, que foi liquidada.

Os indianos estão se vingando sobre nós. Eles teriam criado a Companhia Indiana das Índias Ocidentais, detentora do monopólio da exploração da cultura indiana no Brasil e naqueles países que consomem nossas novelas. O País respira Índia. As rádios propagam música pop indiana. À noite, todos estão grudados na tela da TV, e já se oferece toda espécie de produtos indianos. A moda pegou de vez, das roupas à culinária. Quem anda pelo Nordeste já pode comer buchada temperada com páprica e caril ou carne-de-sol com masala e jerimum. Lagostas ao mango chutney completam um bom cardápio indo-brasileiro. Tudo servido pelas garçonetes dançando ao som do maracatu indiano. Para beber, nada, pois os indianos não misturam comida e bebidas. Cedo ou tarde, alguém adaptará a comida dos pampas à moda indiana, o que poderá ser perigoso. O inevitável rodízio de vaca sagrada provocará a ira dos gurkhas, os temidos nepaleses que fizeram os argentinos borrarem as calças, durante a Guerra das Malvinas, antes mesmo da sua chegada ao cenário da batalha. Gurkha significa “protetor das vacas”, em sânscrito.

Há mais o que temer, além dos terríveis gurkhas, na invasão indiana da Companhia Indiana das Índias Ocidentais. Alguém terá a idéia de vender água do Ganges engarrafa. O pessoal daqui se adapta rápido às novidades e poderá criar o maior de todos os pavores: a dupla Mumbaiano e Novadéli entoando mantras sertanejos. Nem os Intocáveis merecerão isso.

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1 Comments:

At quinta-feira, 26 fevereiro, 2009, Blogger José Elesbán said...

É o samba do indiano (ou do hindu) doido!...

 

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