13.6.06

Das Frustrações II - A Poesia

Das Frustrações II – A Poesia

Além da frustração com a música, há aquela com a Poesia. Não chega a ser uma frustração completa, pois sei ouvir música - bem inclusive - só não sei produzi-la. No caso da poesia, não consigo sequer lê-la e, sem entendê-la, como fazê-la? Isto me fez rir, pelo menos. Por mais que eu tentei, aquilo não parecia fazer sentido. São como textos de psicologia, onde se fala, fala e fala e, no final, qual era o assunto mesmo? Devo ser burro demais para entender dessas coisas. Como técnico me dou bem com as coisas mais diretas, menos abstratas e nada metafóricas. Sou pouco artístico. Confesso que o tal de Camões me entusiasmou pela sua biografia. Se filmarem o Duro de Matar Zero, troquem o Bruce Willis pelo Luiz Vaz de Camões e dramatizem sua biografia. Se é que é possível dramatizar mais aquilo. A façanha de nadar usando um só braço, salvando o livro com o outro, enquanto a bem amada se afoga, supera qualquer façanha heróico-masoquista do detetive John McClane – do filme. Caolho, presidiário, miserável, viúvo, pensionista do INSS de D. Sebastião, Camões foi o maior coitado da história. E o maior poeta português (explica o estilo de natação). Talvez seja este o segredo! Não sou tão miserável, apesar de contar com apenas um dos olhos, como ele. Também não o furei em cactos e nado usando os dois braços. Portanto, não posso entender a poesia dele. Isto parece mais lógico. Confesso que uma vez tentei. Escondi às sete chaves o resultado. Hoje ouso mostrá-lo. Foi um minúsculo poema apenas. Não se preocupem se não entenderem. Tampouco eu.

Esdrúxulo Delírio

Anáforas opõe-se às epístrofes
Aliterações destas palavras próximas
Cavalgamento separa’s máximas

Contagem estranha de sílabas
Torna estes versos esdrúxulos

Elisão fenômeno poético
Funde vogais átonas
Apena’s idênticas

Das sinalefas leva sinérese
Hiatos em ditongos, juízo célere

Inversão pelo hipérbato
Transferência pela metáfora
Solto risos espasmódicos
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Podem, como eu, não ter entendido nada, mas é pura técnica! Prometo nunca mais tentar. O meu Bife, no piano, ficou melhor. Mas, pelo menos tentei. Sei lá, se ao menos a Bruna Lombardi o lê-se...
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Paulo Roberto Heuser

3 Comments:

At quarta-feira, 09 agosto, 2006, Anonymous Anônimo said...

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At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Anonymous Anônimo said...

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At terça-feira, 15 agosto, 2006, Anonymous Anônimo said...

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