Quem Será Sérgio Barata?
Quem Será Sérgio Barata?
Troquei de operadora de celular. Troquei porque encontrei um plano que me pareceu vantajoso. Com a troca de operadora, troquei também os aparelhos móveis celulares. Escolhi um modelo funcional, como telefone, bem entendido. Apesar da tentação tecnológica, continuo usando o aparelho móvel para comunicação, falada ou escrita. Está certo, deve ter mais umas funções, como agenda e alerta vibratório. O teclado de um celular sabe se apresentar um tanto complicado para quem não tem dedos de fada, nem é dotado de neurônios que associam, instantaneamente, uma tecla com quatro letras. Geralmente enfiamos novas entradas, naquelas agendas, enquanto conversamos com alguém, pelo mesmo aparelho(?). Após alguns meses - sim, sou conservador, não troco o aparelho todos os meses -, não consigo me lembrar de quem era o A, o X, o GRN#3 nem do Sérgio Barata. Pois é, ao passar a agenda, do aparelho velho para o novo, me deparei com o Sérgio Barata. E havia dois números de telefone, alguém importante com certeza. Comentei com alguém que me deu a pista. Ao pegar uma dica, com um colega, sobre desinsetização, este me passou o primeiro nome da pessoa que a faria. Acrescentei Barata para associar com o serviço. De pronto descobri também quem é Cardoso Lavadora! Minha filha escolheu outro modelo, um prodígio pirotécnico-sonoplástico. O aparelho já causa espanto pelo tamanho, semelhante ao de um ovo de galinha caipira (aqueles sem hormônios). Quando se abre o flip, soam trombetas e clarins, transformando aquele ovo numa verdadeira fanfarra móvel celular. Ao fechá-lo, nova fanfarra, com outra melodia. Do cardápio de sons, podemos escolher marchas, tangos, rock, boleros, sambas, pagodes, mugidos, miados, zurros e outros ruídos estranhos. Assisti, faz alguns anos, a um comercial português, de uma operadora de telefonia móvel, encenado em algum lugar que, corrijam-me os d’além-mar, deve ser o Baixo Alentejo, região pastoril. No meio de um rebanho imenso de ovelhas, que baliam aleatoriamente, estava um pastor, vestindo traje rústico de lã e portando o tradicional cajado. Repentinamente, soou um aparelho celular. Pastor e ovelhas permaneceram impassíveis, por alguns momentos, até que estas, aparentemente intrigadas, olharam todas para o pastor. Ao retirar o aparelho das vestes, surpreso, gritou: “É P’ra Mim!”. Com o novo aparelho, da minha filha, o pobre pastor acreditaria estar sendo seqüestrado pelos alienígenas, em Roswell, Novo México. Luzes coloridas acendem a qualquer pressionar de teclas, sempre acompanhadas por sons polifônicos. Lembra aqueles shows de águas dançantes, executados nos chafarizes das praças de outrora, antes de serem transformados em piscinas e tanques públicos para lavar roupas? Há até uma versão da Valsa do Imperador em ritmo de rap. Meu espanto continua com a destreza que ela apresenta, ao operar o minúsculo teclado do ovo, típica de quem pertence à geração pós-PacMan. O mais incrível disso tudo é que o dito aparelho serve também para falar! Conheço pessoas fascinadas pela tecnologia empregada nessas coisinhas. Não resistem a um novo modelo de qualquer coisa. Seus telefones móveis estão sempre à mostra e em uso, seja lá que uso for. Estão sempre prontos, para uma demonstração, narrando as especificações técnicas, explicando que, se você tiver dente azul (Bluetooth), estará apto a conectar seu notebook, que já está conectado mesmo, via banda larga Wi-Fi, com a Internet. Bluetooth é o que você adquire quando bebe muito vinho tinto de colônia, feito pelo nono. Olhando para a população do País, creio que seria melhor comunicar através de uma conexão banguela (toothless). Os tecnófilos são sujeitos frustrados, nunca estão satisfeitos com o próprio nível de atualização tecnológica. Mal adquirem um Bluetooth, logo surge algum consultor, numa revista temática, afirmando que agora a moda é Pinktail® (rabo cor de rosa). Só não dá para falar ao telefone, já que o modem wireless do palm que controla o home-theater da cozinha, sofre interferência do handset do wireless 2.4 GHz através do qual seu filho está pedindo uma pizza. Qual é a relação de um com os outros? Não sei, são estranhos os caminhos percorridos pelas ondas. Por via das dúvidas, não ligue o secador de cabelos.
Paulo Roberto Heuser
Troquei de operadora de celular. Troquei porque encontrei um plano que me pareceu vantajoso. Com a troca de operadora, troquei também os aparelhos móveis celulares. Escolhi um modelo funcional, como telefone, bem entendido. Apesar da tentação tecnológica, continuo usando o aparelho móvel para comunicação, falada ou escrita. Está certo, deve ter mais umas funções, como agenda e alerta vibratório. O teclado de um celular sabe se apresentar um tanto complicado para quem não tem dedos de fada, nem é dotado de neurônios que associam, instantaneamente, uma tecla com quatro letras. Geralmente enfiamos novas entradas, naquelas agendas, enquanto conversamos com alguém, pelo mesmo aparelho(?). Após alguns meses - sim, sou conservador, não troco o aparelho todos os meses -, não consigo me lembrar de quem era o A, o X, o GRN#3 nem do Sérgio Barata. Pois é, ao passar a agenda, do aparelho velho para o novo, me deparei com o Sérgio Barata. E havia dois números de telefone, alguém importante com certeza. Comentei com alguém que me deu a pista. Ao pegar uma dica, com um colega, sobre desinsetização, este me passou o primeiro nome da pessoa que a faria. Acrescentei Barata para associar com o serviço. De pronto descobri também quem é Cardoso Lavadora! Minha filha escolheu outro modelo, um prodígio pirotécnico-sonoplástico. O aparelho já causa espanto pelo tamanho, semelhante ao de um ovo de galinha caipira (aqueles sem hormônios). Quando se abre o flip, soam trombetas e clarins, transformando aquele ovo numa verdadeira fanfarra móvel celular. Ao fechá-lo, nova fanfarra, com outra melodia. Do cardápio de sons, podemos escolher marchas, tangos, rock, boleros, sambas, pagodes, mugidos, miados, zurros e outros ruídos estranhos. Assisti, faz alguns anos, a um comercial português, de uma operadora de telefonia móvel, encenado em algum lugar que, corrijam-me os d’além-mar, deve ser o Baixo Alentejo, região pastoril. No meio de um rebanho imenso de ovelhas, que baliam aleatoriamente, estava um pastor, vestindo traje rústico de lã e portando o tradicional cajado. Repentinamente, soou um aparelho celular. Pastor e ovelhas permaneceram impassíveis, por alguns momentos, até que estas, aparentemente intrigadas, olharam todas para o pastor. Ao retirar o aparelho das vestes, surpreso, gritou: “É P’ra Mim!”. Com o novo aparelho, da minha filha, o pobre pastor acreditaria estar sendo seqüestrado pelos alienígenas, em Roswell, Novo México. Luzes coloridas acendem a qualquer pressionar de teclas, sempre acompanhadas por sons polifônicos. Lembra aqueles shows de águas dançantes, executados nos chafarizes das praças de outrora, antes de serem transformados em piscinas e tanques públicos para lavar roupas? Há até uma versão da Valsa do Imperador em ritmo de rap. Meu espanto continua com a destreza que ela apresenta, ao operar o minúsculo teclado do ovo, típica de quem pertence à geração pós-PacMan. O mais incrível disso tudo é que o dito aparelho serve também para falar! Conheço pessoas fascinadas pela tecnologia empregada nessas coisinhas. Não resistem a um novo modelo de qualquer coisa. Seus telefones móveis estão sempre à mostra e em uso, seja lá que uso for. Estão sempre prontos, para uma demonstração, narrando as especificações técnicas, explicando que, se você tiver dente azul (Bluetooth), estará apto a conectar seu notebook, que já está conectado mesmo, via banda larga Wi-Fi, com a Internet. Bluetooth é o que você adquire quando bebe muito vinho tinto de colônia, feito pelo nono. Olhando para a população do País, creio que seria melhor comunicar através de uma conexão banguela (toothless). Os tecnófilos são sujeitos frustrados, nunca estão satisfeitos com o próprio nível de atualização tecnológica. Mal adquirem um Bluetooth, logo surge algum consultor, numa revista temática, afirmando que agora a moda é Pinktail® (rabo cor de rosa). Só não dá para falar ao telefone, já que o modem wireless do palm que controla o home-theater da cozinha, sofre interferência do handset do wireless 2.4 GHz através do qual seu filho está pedindo uma pizza. Qual é a relação de um com os outros? Não sei, são estranhos os caminhos percorridos pelas ondas. Por via das dúvidas, não ligue o secador de cabelos.
Paulo Roberto Heuser
4 Comments:
Heuser,
texto muito divertido!
Como estou ficando sem cabelos, já penso mesmo em aposentar o secador!
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Great site lots of usefull infomation here.
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