Sorte Com os Cavalos
Sorte Com os Cavalos
Passei ao lado de uma caminhonete muito velha, estilo "Faco Careto". O que me chamou a atenção foi uma miniatura de um cavalo de madeira colada sobre o capô do motor. Imaginei o estrago que aquilo faria numa vítima de atropelamento.
Há quem tenha muita sorte com os cavalos, seja nas apostas, seja na vida. Nas janelas da casa de uma ex-colega do colégio estava gravada uma inscrição em alemão, cujo texto não me recordo exatamente, a respeito da sorte daquela casa estar sobre o dorso dos cavalos. A ex-colega formou-se em Medicina Veterinária e trabalha com cavalos. Estes fazem parte da vida dela e da sua família. Uma das minhas filhas também se dá bem com os eqüinos, consegue cavalgar horas a fio em sintonia com a montaria.
Minha relação com os cavalos não é tão boa. Numa linda noite de verão na praia, faz alguns anos, no tempo em que não havia cerca ao redor dos terrenos, deixei o jogo de canastra de lado para fechar as janelas. Entrei no quarto escuro que dava à frente do terreno e puxei a veneziana. Dei de cara com dois imensos olhos me encarando, apavorados. O pavor foi mútuo. O cavalo disparou por sobre o muro, ou do que restou dele, e eu para o interior da casa. Consegui ouvir um relincho por detrás do meu berro de pavor. A seguir, um estrondo, um galope e o silêncio. Quando o nível de adrenalina retornou a um patamar aceitável, acendi a luz externa e fui conferir o quintal. Descobri marcas de cascos de cavalo no gramado e a falta de um pedaço do muro de tijolos. Isto explicava o estrondo. O cavalo apavorado traçara o caminho mais curto para fora do terreno, através do muro.
No dia seguinte encontrei o mesmo cavalo, presumivelmente, pastando tranqüilo no terreno baldio ao lado. Estava amarrado ao sólido tronco de um pé de mamona. Enquanto eu pensava no que fazer para evitar nova invasão, um vizinho festeiro apareceu inadvertidamente com a solução. Ainda comemorava a passagem de ano, com uns 27 dias de atraso, e resolveu soltar mais um dos inesgotáveis foguetes. O som do lançamento da carga explosiva fez o matungo sair a galope arrastando o pé de mamona. Quando a carga estourou o dito cujo já virava na esquina. Recordo que à tardinha apareceu um sujeito montado numa Caloi Ceci, indagando sobre o cavalo. Lembro bem porque a bicicleta era cor-de-rosa.
Eu ainda posso me considerar feliz. Há quem tenha uma relação pior com os cavalos. Meu amigo Hugo, por exemplo, tem uma casa numa praia que poderia ser chamada de Jardim do Éden Após O Primeiro Despejo. Só havia animais lá. Constatou isto ao lá chegar numa noite de sexta-feira, fora da temporada, e deparar-se com um espécime da fauna local. Um cavalo, por sinal. Não era um cavalo qualquer, daqueles que você faz chô cavalo e ele vai embora. Este era especial. Estava morto. Não morto apenas. Estava morto no alpendre da entrada, bloqueando a porta. Como não havia morrido exatamente naquele dia, assumira dimensões volumétricas nada usuais para um cavalo, mais compatíveis com as de um hipopótamo da safra. Escolhera a casa do Hugo para o seu último estertor. Singela homenagem que anônima mascote prestara ao seu desconhecido dono. Tocante!
Há casos eqüinos ainda piores. Você sabe aquela do sujeito que trocou o Acre por um cavalo?
Passei ao lado de uma caminhonete muito velha, estilo "Faco Careto". O que me chamou a atenção foi uma miniatura de um cavalo de madeira colada sobre o capô do motor. Imaginei o estrago que aquilo faria numa vítima de atropelamento.
Há quem tenha muita sorte com os cavalos, seja nas apostas, seja na vida. Nas janelas da casa de uma ex-colega do colégio estava gravada uma inscrição em alemão, cujo texto não me recordo exatamente, a respeito da sorte daquela casa estar sobre o dorso dos cavalos. A ex-colega formou-se em Medicina Veterinária e trabalha com cavalos. Estes fazem parte da vida dela e da sua família. Uma das minhas filhas também se dá bem com os eqüinos, consegue cavalgar horas a fio em sintonia com a montaria.
Minha relação com os cavalos não é tão boa. Numa linda noite de verão na praia, faz alguns anos, no tempo em que não havia cerca ao redor dos terrenos, deixei o jogo de canastra de lado para fechar as janelas. Entrei no quarto escuro que dava à frente do terreno e puxei a veneziana. Dei de cara com dois imensos olhos me encarando, apavorados. O pavor foi mútuo. O cavalo disparou por sobre o muro, ou do que restou dele, e eu para o interior da casa. Consegui ouvir um relincho por detrás do meu berro de pavor. A seguir, um estrondo, um galope e o silêncio. Quando o nível de adrenalina retornou a um patamar aceitável, acendi a luz externa e fui conferir o quintal. Descobri marcas de cascos de cavalo no gramado e a falta de um pedaço do muro de tijolos. Isto explicava o estrondo. O cavalo apavorado traçara o caminho mais curto para fora do terreno, através do muro.
No dia seguinte encontrei o mesmo cavalo, presumivelmente, pastando tranqüilo no terreno baldio ao lado. Estava amarrado ao sólido tronco de um pé de mamona. Enquanto eu pensava no que fazer para evitar nova invasão, um vizinho festeiro apareceu inadvertidamente com a solução. Ainda comemorava a passagem de ano, com uns 27 dias de atraso, e resolveu soltar mais um dos inesgotáveis foguetes. O som do lançamento da carga explosiva fez o matungo sair a galope arrastando o pé de mamona. Quando a carga estourou o dito cujo já virava na esquina. Recordo que à tardinha apareceu um sujeito montado numa Caloi Ceci, indagando sobre o cavalo. Lembro bem porque a bicicleta era cor-de-rosa.
Eu ainda posso me considerar feliz. Há quem tenha uma relação pior com os cavalos. Meu amigo Hugo, por exemplo, tem uma casa numa praia que poderia ser chamada de Jardim do Éden Após O Primeiro Despejo. Só havia animais lá. Constatou isto ao lá chegar numa noite de sexta-feira, fora da temporada, e deparar-se com um espécime da fauna local. Um cavalo, por sinal. Não era um cavalo qualquer, daqueles que você faz chô cavalo e ele vai embora. Este era especial. Estava morto. Não morto apenas. Estava morto no alpendre da entrada, bloqueando a porta. Como não havia morrido exatamente naquele dia, assumira dimensões volumétricas nada usuais para um cavalo, mais compatíveis com as de um hipopótamo da safra. Escolhera a casa do Hugo para o seu último estertor. Singela homenagem que anônima mascote prestara ao seu desconhecido dono. Tocante!
Há casos eqüinos ainda piores. Você sabe aquela do sujeito que trocou o Acre por um cavalo?
2 Comments:
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Keep up the good work. thnx!
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