6.7.06

Mistérios Primordiais

Publicada no Portal Sulmix em 11/07/2006:
Mistérios Primordiais

Leio notícia da BBC sobre a reinserção da Teoria Evolucionista, de Charles Darwin, no programa de ensino das escolas italianas. Pode ter passado despercebida, aqui, a notícia da exclusão desta teoria, dos programas escolares italianos, em fevereiro deste ano de 2006.
A Teoria da Evolução prega que os seres vivos evoluíram, até a forma atual, a partir de ancestral comum, primordial.
A Teoria Criacionista, em oposição, prega a Criação, a partir de ato divino. O corretor ortográfico insiste em declarar sua preferência ao marcar o criacionismo em vermelho, como erro.
Tudo na natureza tende ao equilíbrio, menos o corretor ortográfico. O que está quente cede calor (energia) ao que está frio; bolas rolam para o local mais baixo e os excitados tendem a se acalmar. Foi o que aconteceu na educação italiana. De uma posição radical, evoluiu para uma posição equilibrada, contemplando as duas teorias. E foi além ao criar uma comissão para estudar a forma de ensinar essas teorias aos alunos das séries iniciais. Sem entrar no mérito de uma ou de outra, o nó provocado na cabeça das crianças é um sério problema.
Sou um aficionado da Cosmologia, ramo da Física que estuda a criação do Universo. Hoje a Teoria do Big-Bang – a explosão primordial que teria criado o Universo – é aceita quase que universalmente. Interessante notar que contempla as duas teorias, a criacionista e a evolucionista. Santo Agostinho (Aurélio Agostinho), padre e filósofo do século IV, já defendia a idéia de que o teria havido um início do tempo, pela Criação. Este conceito é difícil de se internalizar. O homem se aceita como nascido e tem consciência, apesar de retulante, do seu fim, fisicamente.
Complicada é a noção de que o Universo teria iniciado em algum momento. Por que seria exatamente aquele o momento? Os criacionistas respondem que o momento foi aquele porque Deus assim o quis. Ao que os descrentes treplicam indagando sobre o que fazia o Criador antes da Criação. Santo Agostinho responde dizendo que Ele estava construindo o Inferno, para lá colocar aqueles que ousassem fazer uma pergunta como esta. A questão em si já é completamente paradoxal, se não havia o tempo, poderia haver um antes? A resposta de Santo Agostinho foi uma maneira tremendamente espirituosa e metafórica de propor a limitação do homem em entender a Criação, ou o Big-Bang, que estaria acima da sua capacidade de compreensão. E aparentemente está, pelo menos por enquanto. Físicos, matemáticos, filósofos e teólogos correm desesperadamente atrás da resposta. Se nunca a encontrarem, Santo Agostinho estará certo.
A falta de respostas às perguntas primordiais move a fé e a curiosidade do homem. Para tornar um assunto já complicado, em algo bem pior, acrescentamos a dúvida quanto ao futuro. Novamente diversas teorias se digladiam. A aceitação de um início sem um fim é inaceitável, para mim, pelo menos. Releio minha última frase, em dúvida se eu mesmo a entendi. Na religião se explica pela continuidade da alma e nas outras ciências pela conservação da energia.
De qualquer forma, procuramos desesperadamente descobrir o futuro do Universo. Da Copa já sabemos, em parte. Aceitamos que o nosso corpo se vá. Mas e o Universo? Uma corrente científica defende o Big-Crunch – voltará a se contrair até a singularidade. E aí explodirá novamente? A corrente mais aceita atualmente, defende a expansão indefinida do Universo esfriando-se até um escurecimento total. De um lado defendem-se múltiplos inícios e fins. De outro, um início e um fim.
Curioso mesmo é o Princípio Antrópico. Os que defendem o criacionismo utilizam o argumento de que seria impossível a existência de um ser tão complexo como o homem sem a existência de uma arquitetura inteligente por trás disso, ou seja, a mão do Criador. Diz aquele princípio que o mundo é como é porque estamos aqui para vê-lo, ou seja, estamos aqui porque o Universo é assim.
São questões que envolvem muita filosofia para permitir uma compreensão maior, da minha parte. Infelizmente pertenço a uma geração alijada do ensino da Filosofia. Com todas evidências, físicas e matemáticas, sou obrigado a acreditar na Teoria do Big-Bang. Parece natural que a explosão ocorreu, criando o espaço e o tempo. Cursei disciplinas de Física, Química, Astronomia e Astrofísica. Sem querer ser repetitivo, mas o sendo, acredito no Big-Bang.
Mas, pelo amor de Deus, alguém me responda! Quem riscou o fósforo?
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Paulo Roberto Heuser

3 Comments:

At sexta-feira, 07 julho, 2006, Blogger José Elesbán said...

Deus!

 
At sábado, 12 agosto, 2006, Anonymous Anônimo said...

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