Não Deu o Vermelho 27
Não Deu o Vermelho 27
Quando Herivelto Martins e David Nasser compuseram o tango Vermelho 27 (1956), não poderiam imaginar que este poderia ser o réquiem da última esperança da sociedade, em 2006. Surrada pelos repetidos escândalos, que afloram do mar de lama no qual atolamos, alijada de ícones pelos quais vale a pena lutar, nossa sociedade apostou todas fichas no vermelho 27. Aqueles neo-europeus seriam nossos mensageiros perante o mundo. Mostrariam que somos os melhores. Se o somos individualmente, seremos também coletivamente. As casas, as ruas e as gentes se tingiram de verde-amarelo para ter esperança, mesmo que efêmera. Vencendo a Copa, mais uma vez, poderíamos inflar o peito e gritar – Vencemos! Em lugar do grito veio o tango, brasileiro por ironia:
*
Vermelho 27
Quando a sorte caprichosa o abandonou
Vermelho 27
Cada amigo num estranho se tornou
Os ossos do banquete
Aos cães ele atirou
A vida, a honra, tudo
Num lance ele arriscou
Deu preto 17
Nem um cão entre os amigos encontrou
.
Perdemos o jogo, perdemos a Copa, ficamos com o eco de uma Abertura de 1812, de Tchaikowsky, ao contrário, com a Marselhesa se sobrepondo ao hino, não mais o russo, agora o brasileiro. Faltou o ribombar dos canhões, substituído pelo espocar longínquo de alguns foguetes estourados pelos argentinos que humilhamos na véspera. Engolimos ditos sobre a educação das nossas crianças. Engolimos em seco porque não havia contra-argumento que molhasse nossa garganta. Lutamos através dos soldados da fortuna. Eles também? Então souberam comprá-los melhor. Não aprendemos a lição. A imprensa especula sobre a Seleção de 2010. Nem retiramos as suturas dos nossos ferimentos e já oferecem nosso peito à nova metralha. Salve-se quem puder, salve-se quem quiser.
(*) do tango Vermelho 27 (1956) (Herivelto Martins/ Dadid Nasser)
Quando Herivelto Martins e David Nasser compuseram o tango Vermelho 27 (1956), não poderiam imaginar que este poderia ser o réquiem da última esperança da sociedade, em 2006. Surrada pelos repetidos escândalos, que afloram do mar de lama no qual atolamos, alijada de ícones pelos quais vale a pena lutar, nossa sociedade apostou todas fichas no vermelho 27. Aqueles neo-europeus seriam nossos mensageiros perante o mundo. Mostrariam que somos os melhores. Se o somos individualmente, seremos também coletivamente. As casas, as ruas e as gentes se tingiram de verde-amarelo para ter esperança, mesmo que efêmera. Vencendo a Copa, mais uma vez, poderíamos inflar o peito e gritar – Vencemos! Em lugar do grito veio o tango, brasileiro por ironia:
*
Vermelho 27
Quando a sorte caprichosa o abandonou
Vermelho 27
Cada amigo num estranho se tornou
Os ossos do banquete
Aos cães ele atirou
A vida, a honra, tudo
Num lance ele arriscou
Deu preto 17
Nem um cão entre os amigos encontrou
.
Perdemos o jogo, perdemos a Copa, ficamos com o eco de uma Abertura de 1812, de Tchaikowsky, ao contrário, com a Marselhesa se sobrepondo ao hino, não mais o russo, agora o brasileiro. Faltou o ribombar dos canhões, substituído pelo espocar longínquo de alguns foguetes estourados pelos argentinos que humilhamos na véspera. Engolimos ditos sobre a educação das nossas crianças. Engolimos em seco porque não havia contra-argumento que molhasse nossa garganta. Lutamos através dos soldados da fortuna. Eles também? Então souberam comprá-los melhor. Não aprendemos a lição. A imprensa especula sobre a Seleção de 2010. Nem retiramos as suturas dos nossos ferimentos e já oferecem nosso peito à nova metralha. Salve-se quem puder, salve-se quem quiser.
(*) do tango Vermelho 27 (1956) (Herivelto Martins/ Dadid Nasser)
.
Paulo Roberto Heuser
Paulo Roberto Heuser
1 Comments:
Interesting website with a lot of resources and detailed explanations.
»
Postar um comentário
<< Home