14.8.06

Zuckerorschnaps Cacaca

Zuckerorschnaps Cacaca

Por Paulo Heuser

Navegando pelo sítio de uma entidade de cultura italiana daqui do Estado, deparei-me com um portal brasileiro na Itália. Resolvi dar uma passada na parte referente aos restaurantes brasileiros lá instalados. Há nomes realmente curiosos, como o Poco Loco, em Milão. O Coccia Grill, churrascaria instalada em Novara, oferece rodízio completo, desde o antepasto até o abacaxi (?).
Nome bastante popular para churrascarias brasileiras é Jacaré. Bem, lá é carne exótica. Outros nomes de churrascarias incluem Berimbau, Babagula, Capoeira, O Cangaceiro e Changô. Definitivamente gaúchos! Os cardápios também surpreendem. A caipirinha tem uma versão sem álcool, chamada Ipanema. O abacaxi assado é o destaque em diversos cardápios. As mulatas são muito comuns nas churrascarias gaúchas. Assim como as escolas de samba.
Curioso, comecei a navegar por sítios de churrascarias em outros países e continentes. Na China, em Xangai, faz tremendo sucesso uma rede de churrascarias que serve rodízio de carne de cachorro. Numa delas, a Dagama, um cubano e um chinês, impecavelmente pilchados, cantam Guantanamera para os sino-cinófilos. Além dos lulus, porco agridoce, bolinhos chineses e macarrão chinês completam o cardápio.
Numa churrascaria teuto-pantaneira em Colônia, a Rodízio Pantanal, os pratos são particularmente curiosos. Além do rodízio, há opções de entradas típicas como cogumelos picantes, Gambas a Ajiolo (camarão ao alho e óleo em alguma língua variante do espanhol) e caranguejos. Entre os pratos principais um peixe chamado tamboril. Mulatas em trajes de sambódromo decoram a casa. Novamente aparece Ipanema, a caipirinha sem álcool.
Uma opção vegetariana deixa a coisa mais interessante ainda. Já imaginou um gaúcho dos quatro costados sendo convidado para matar a saudade da querência comendo um rodízio de plantas regado à pinga sem álcool?
Nada de desespero! Em Hamburgo há a Rodeio Gaúcho. Com o desenho de um gaudério assando um espeto no fogo de chão. E umas fotos de índias (?). Impressiona bem, o cardápio inicia com uma breve história do churrasco, bem contada. Fica bem claro que no rodízio o sujeito come até repugnar-se, em alemão, é claro.
Como tudo em alemão é simples, a descrição da caipirinha também o é: bebida nacional brasileira feita a partir de Zuckerorschnaps Cacaca (sic), Limonen, braunen Zucker und crashed ice. Se não bastasse a Zuckerorschnaps (pinga de cana-de-açúcar), tem a Cacaca (cacaca, em bom português), que imagino ser cachaça. Imagine só um japonês pedindo isso com uma daquelas reverências formais: - Zuckerorschnaps Cacaca Kudasai! São essas coisas que tornam divertida a vida de um brasileiro. Adivinhe só quem segue a caipirinha? Ipanema, claro.
Entre as sobremesas um tal de Rote Grütze mitt Vanille-Sauce, aqui conhecido como Sagu com creme de baunilha. Este pelo menos é conhecido.
Definitivamente, em Roma faça como os romanos, coma massa. Em Colônia faça como os alemães, coma salsichas com chucrute. Em Xangai faça como os americanos, coma um Big Mac. Coma churrasco no Brasil, mesmo que seja com Zuckerorschnaps Cacaca.
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