Grandes Problemas, Pequenas Soluções
Grandes Problemas, Pequenas Soluções
Por Paulo Heuser
Foi difícil ficar em casa neste último domingo de sol. Tudo convidava a um passeio. Como não ia a Ipanema, faz algum tempo, para lá me dirigi. Onde estacionar, em meio a tantos carros? Acabei encontrando uma vaga logo após aquele morro que divide Ipanema do Guarujá. Encontrei uma vaga e três flanelinhas. Ou melhor, flanelões. O que me chamava de tio era pelo menos dez anos mais velho do que eu.
Por Paulo Heuser
Foi difícil ficar em casa neste último domingo de sol. Tudo convidava a um passeio. Como não ia a Ipanema, faz algum tempo, para lá me dirigi. Onde estacionar, em meio a tantos carros? Acabei encontrando uma vaga logo após aquele morro que divide Ipanema do Guarujá. Encontrei uma vaga e três flanelinhas. Ou melhor, flanelões. O que me chamava de tio era pelo menos dez anos mais velho do que eu.
Não sei quantos carros há em Porto Alegre, mas deve haver três flanelinhas para cada um. Surgem do nada, como baratas saindo dos bueiros. Há um eufemismo legal que os denomina “guardadores de carros”. Uma forma de institucionalizar a extorsão. A expressão “Tá bem cuidado, tio”, significa que ele não pretende atentar contra o seu patrimônio, desde que pago para tanto. Não pode responder pelos outros dois terços – os outros dois flanelas -, no entanto. Tem a crise, sabe?
Ninguém gosta dos flanelas, nem eles mesmos, pois rosnam uns para os outros e trocam imprecações na disputa pelos melhores pontos. Os melhores pontos são conquistados pelos jovens, mais fortes e competitivos. Numa verdadeira injustiça social, a rapaziada sarada conquista a Padre Chagas, relegando os mais idosos às pizzarias do Muito Baixo Morro Ricaldone.
Enquanto tomava um sorvete, extorquido pela segunda vez no dia, percebi que pode haver solução para o problema. Os flanelas não cuidam de coisa nenhuma, além do próprio ponto. Portanto, estando ou não estando lá, pouca ou nenhuma diferença farão. Não estando, os desagradáveis contatos pessoais serão evitados e a presença de pessoas paradas junto aos carros chamará à atenção, melhorando a segurança. Já sei, há o problema social dos que jamais conseguiram um emprego - alguns jamais tentaram -, e toda ladainha que vem atrás disto.
Certo, que o problema social existe, isso existe. Não dá para ignorá-lo. Aí vem a segunda medida: a criação do FNEIMF – Fundo Nacional da Extorsão Institucionalizada no Meio-fio. Este fundo, a fundo profundamente perdido, pagaria um salário a cada flanela que abandonasse as ruas. Algo semelhante ao seguro-defeso, pagos aos pescadores durante a época do defeso, adaptado àqueles que pescam otários junto ao meio-fio.
A receita para a criação e manutenção do fundo seria obtida através da criação da CPMF – Contribuição Provisória do Meio-Fio, com alíquota de 0,38 % sobre todas transações monetárias relativas aos veículos, como compra e venda, emplacamento, prêmios de seguros, manutenção, aquisição de combustíveis, lubrificantes, bebidas alcoólicas nas lojas de conveniência, pedágios, IPVA, multas e quaisquer outras despesas relacionadas. Seriam considerados veículos, para fins de aplicação da CPMF, quaisquer coisas que tenham rodas, como veículos automotores, bicicletas, carrinhos de bebê, carroças de tração animal e ou humana, carrinhos de controle remoto, carrinhos de mão, carrinhos de supermercado, carrinhos de feira, carrinhos de chá, patins normais ou em linha e skates. Carrinho no futebol não, não tem rodas.
Para receber o seguro-defeso do meio-fio, bastaria requerê-lo, sem grandes burocracias. Como pode ser simples a solução dos problemas sociais!
E-mail: prheuser@gmail
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