História, Ideologia e o Voto
História, Idealismo e o Voto
Publicada na Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, em 20/10/2006
http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=63483&intIdEdicao=985
Por Paulo Heuser
Alienação e desencanto são as características mais marcantes deste Pleito de 2006. O desencanto se traduz na ausência de militantes, pagos ou não, pelas ruas das cidades. Em 2002 assistimos às guerras de bandeiras nas esquinas. Em 2006, os raros portadores de bandeiras parecem ter uma certa vergonha de desfraldá-las. Há razões para tanto. O caixa ficou curto, as manchetes longas. A alienação pode ser observada através da esmagadora quantidade de votos obtida pelos candidatos que têm a seu favor(?) unicamente a condição de nunca terem ocupado cargo eletivo. Estes candidatos deixaram para trás outros de longa história.
Por Paulo Heuser
Alienação e desencanto são as características mais marcantes deste Pleito de 2006. O desencanto se traduz na ausência de militantes, pagos ou não, pelas ruas das cidades. Em 2002 assistimos às guerras de bandeiras nas esquinas. Em 2006, os raros portadores de bandeiras parecem ter uma certa vergonha de desfraldá-las. Há razões para tanto. O caixa ficou curto, as manchetes longas. A alienação pode ser observada através da esmagadora quantidade de votos obtida pelos candidatos que têm a seu favor(?) unicamente a condição de nunca terem ocupado cargo eletivo. Estes candidatos deixaram para trás outros de longa história.
A História é o problema central desta questão. Não apenas a história dos candidatos. Há de se referir à História Geral. Dificilmente encontraremos candidatos ou agremiações que não se alinhem, pelo menos nas suas crenças socioeconômicas fundamentais, com alguma grande corrente do passado. Não me refiro aos dogmas, que, por sua natureza pétrea, impedem qualquer discussão ou reforma. Candidatos que acreditam em nada, nada farão, de útil pelo menos.
A maior parte das correntes ideológicas presentes no País, e em boa parte do mundo ocidental, deriva do Liberalismo ou do Marxismo. O liberalismo econômico pós-iluminista de Adam Smith (1723-1790), autor de Uma Investigação Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações (1776), defende o laissez-faire – deixe fazer -, doutrina que prega a livre iniciativa e o estado minimalista. As idéias de Smith originaram o capitalismo. Outras correntes derivam das dialéticas, história e materialista, de Karl Marx (1818-1883), cuja maior obra foi O Capital (1872). Marx defendeu o trabalho do homem como fator de agregação de valor ao bem final. Das suas idéias derivaram o marxismo e o comunismo.
A História acabou reformando essas correntes, adaptando-as a novos tempos a partir de vivências práticas, corrigindo alguns vícios de origem e acrescentando novos. O eterno processo dialético aplicado tanto ao liberalismo como ao marxismo.
Quem estava certo? Ambos, parcialmente. Quem estava errado? Ambos, novamente. Há simpatizantes das duas grandes correntes e das suas recombinações. Há de se ter uma origem, no entanto. Voto consciente é aquele dado em favor de alguém que prega e acredita numa ideologia historicamente lastreada, mesmo que adaptada, e age de acordo com ela, seja esta seguidora de Adam Smith, Karl Marx ou das derivadas de ambos. É claro que ninguém mais espera ver seguidores de ambas as correntes no sentido estrito. Mas, os há.
Difícil mesmo tem sido a identificação do alinhamento ideológico dos candidatos, seja em decorrência da dissimulação, seja em decorrência das estranhas e inimagináveis composições partidárias de segunda hora, seja em decorrência dos seus atos. Será o processo dialético histórico de Marx operando? Ou a mão invisível do mercado de Smith?
E-mail: prheuser@gmail.com
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