Um páreo diferente
Um páreo diferente
Por Paulo Heuser
As corridas de automóveis continuam atraindo um público fiel. Milhares acorrem aos autódromos aos, onde muitos acampam, para saciar parte da fome pela velocidade. Alguns procuram saciar o resto nas ruas e estradas, após a corrida. Aí começa a parte chata das competições. Nos esportes, essa imitação é saudável, pois muitas crianças procuram o futebol, o vôlei e outras modalidades, atraídos pela cobertura dada aos maiores eventos. Mesmo que a febre passe, alguns continuam.
O automobilismo fora dos autódromos só pode gerara besteiras. Os pilotos que competem nas pistas arriscam apenas a sua vida e as dos que com eles competem, no melhor estilo quem sai na chuva é para se molhar. Apesar da lembrança de alguns eventos que provocaram morte ou ferimentos na platéia, as corridas de carros têm se apresentado como eventos seguros, pelo menos para quem às assiste. Nas estradas não há o mesmo aparato de segurança para proteger a vida dos que nada têm a ver com aquilo, dos atos daqueles que iniciam uma corrida para o além, a bordo dos seus veículos. Movidos pela emoção provocada pelas imagens e sons, alguns transformam carros populares em autênticas máquinas de competição, tentando voltar para casa na metade do tempo em que vieram. Não que o hábito necessariamente faça o monge, mas há um estereotipo do louco por corridas que corre na rua: veste um boné com algum logotipo relacionado ao automobilismo. Tome-se um gajo sugestionável, vestindo bermudas, camiseta e sandálias. Até aí temos apenas um sujeito curtindo a paz do domingo. Adicione-se um boné com logotipo de alguma marca de carros esportivos. Pronto, então teremos um potencial piloto de rua. Quando colocamos o sujeito no autódromo, agregamos mais potencial, faltando apenas a cerveja, o catalisador. Então, a combinação do sujeito impressionável, com boné e a cerveja, tornam-no um ás das pistas virtuais.
Quando o ás virtual embarca no seu carro popular, os mil centímetros cúbicos da cilindrada se transformam, também virtualmente, em vários milhares de cm3. As motos de 125 cm3 viram Hayabusas GSX 1300 R. E lá se vão aqueles ases estrada afora. Viajar em dia de corridas exige atenção redobrada dos motoristas que compõem apenas a platéia das corridas de saída de autódromo. Falar apenas de carros populares é uma discriminação inoportuna. Há também os ases virtuais que pilotam veículos bem maiores, como as grandes camionetes. Porém hoje, na estrada, por alguma razão qualquer, presenciei apenas a afoiteza daqueles.
Não é só nas estradas que os ases virtuais mostram seus dotes automobilísticos. Também promovem competições nas ruas das cidades próximas ao autódromo. Hoje assisti, involuntariamente, a dois rachas de rua. O primeiro envolveu ases virtuais pilotando motos de pequena cilindrada. Tele-entregas do além. O segundo foi o mais curioso, para não dizer inusitado. Um racha que iniciou no semáforo. Do lado esquerdo, um motociclista que pilotava uma moto de grandes dimensões. Não vi se usava boné sob o capacete. Do lado direito, um ás de boné que tripulava uma perua Opala. Enquanto o semáforo estava no vermelho, os dois aceleravam seus veículos, encarando-se desafiadoramente. Aberto o sinal, a dupla arrancou ruidosamente, subindo a rua, lado a lado. A perua conferiu alto grau de ineditismo à competição, pois sobre a pintura de cor escura havia um grafismo que lembrava aquele dos carros fúnebres. Alguém já foi ao enterro do coveiro?
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