15.3.08

Bienvenidos a España


Foto: Wikipedia
Bienvenidos a España

Por Paulo Heuser


Não é de hoje que os brasileiros são barrados no aeroporto de Barajas, sem nenhuma tentativa de armar um trocadilho. Há dois anos já eram seis por dia os mandados de volta. Hoje, são 15. As causas para o aumento são diversas. Os EUA não se apresentam mais como modelo de terra prometida para os emigrantes tupiniquins. A construção civil, destino da maior parte dos nossos emigrantes, está desmoronando por lá. Hoje muitos brasileiros estão fugindo de volta. Por outro lado, Madri passou a ser uma opção para os latino-americanos que desejam chegar a Londres ou Lisboa, onde há maior rigor no controle da imigração. Os ingleses foram invadidos por hordas de estrangeiros que entram no Espaço Schengen – países da União Européia que derrubaram suas fronteiras comuns – por outras capitais. Uma vez em Madri, onde a fiscalização imigratória antes não era tão rígida, tomam vôos internos a Europa, livres de outros embaraços. Os demais países chiaram e a Espanha teve de endurecer os controles de imigração.

Endurecer significa realmente endurecer, na Espanha. Agentes de imigração não são simpáticos em lugar nenhum, pois a cara feia faz parte do trabalho deles. Porém, os agentes madrilenhos de Barajas sabem levar essa característica ao extremo. Eles xingam os turista e xingam-se entre si. Lembram tiranossauros de antigos filmes B, que devoravam homens, cachorros, palmeiras e a si próprios, em meio a grande algazarra. O mocinho cavernoso sempre salvava a mocinha cavernosa enquanto os ditos cujos se distraíam devorando-se mutuamente. Esse truque não funciona em Barajas, pois mocinho e mocinha necessitam do carimbo no passaporte, chamando a atenção dos tiranossauros. Xingar parece fazer parte da cultura deles, mesmo fora do aeroporto. É o jeito deles. Meu amigo Zé presenciou a cena inusitada protagonizada pelo maitre do restaurante de um hotel quatro estrelas em Madri, que gritava com os clientes, mandando-os embora, porque era muito tarde. Um brasileiro descobriu que gritando da mesma forma ambos se entendiam. É tudo uma questão de se entrar no clima. Contudo, essa atitude não é muito inteligente quando se trata da imigração, no aeroporto. Entrar na Espanha sem xingamentos é fácil, basta entrar por Lisboa ou Paris.

É injusto dizer que todo mundo naquele aeroporto é antipático. O Zé viu uma mulher desabar na escada rolante, espalhando bagagens e sacolas por todos os lados. Prontamente, um grupo de franceses juntou seus pertences e os devolveu à proprietária, prontificando-se a levá-la ao atendimento médico. O Zé também conheceu um motorista de van colombiano muito simpático. O homem tem na ponta da língua o índice de pontualidade de todas as companhias aéreas que operam em Barajas. Ele leva os passageiros que perderam conexões ao hotel. Ainda no aeroporto, havia um atendente do balcão da companhia aérea argentina que abriu um largo sorriso ao ler o sobrenome do Zé e perguntou-lhe se falava alemão. Um casal de senegaleses que arranhavam português também lhe pareceu muito simpático e sorridente. Ou seja, muito do que se fala de Barajas é exagero.


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2 Comments:

At domingo, 16 março, 2008, Anonymous Anônimo said...

Londres, Lisboa, París, Berlin.......Chiaram ?

 
At terça-feira, 18 março, 2008, Anonymous Anônimo said...

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