Ilha da Fantasia
Ilha da Fantasia
Por Paulo Heuser
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Recebi o prospecto de um grande congresso de telecomunicações. O local atrai muito: Florianópolis. O lado obscuro – ou o mais iluminado – da mente já mentalizou passeios nas praias e restaurantes transbordando de lulas e camarões. O lado iluminado – ou mais obscuro – da mente repeliu aquelas cenas, afinal, trata-se de um evento profissional. Coisa séria.
Virando a primeira página, eis a cerimônia de abertura. Será concorridíssima, certamente. Quem serão as estrelas da abertura? O Ministro das Comunicações? O Diretor da Anatel? O presidente de uma das grandes no ramo? Não, quem apostou neles errou. Serão Ana Hickmann e Daniela Mercury. A primeira será mestra de cerimônias e a segunda cantará o Hino Nacional. Será em ritmo de axé music?
O lado obscuro adorou, o iluminado não entendeu. Sempre há uma explicação para qualquer coisa, tudo depende apenas do quanto queremos ser convencidos. Assim consegue-se vender qualquer coisa, para nós mesmos inclusive.
Também neste caso há uma explicação bem racional para a presença das duas no evento. Quando o lado obscuro pensa na Ana Hickmann, qual a primeira imagem que lhe vem à mente? Pernas, longas pernas. Pernas longas lembram antenas. A Daniela lembra axé, atabaques, gangoleleôs e ababequereôs, sendo que dos dois últimos nada sei. Tambores lembram aquelas antenas de microondas usadas em telecomunicações. Não faz muito sentido? Bem, tentemos por outro caminho.
Há uma enorme diferença de estatura física entre as duas celebridades, lembrado o Sr. Roarke e Tattoo, interpretados por Ricardo Montalban e Hervé Villechaize, respectivamente, no seriado de Tv Ilha da Fantasia, exibido aqui na década de 80. Como também é conhecida a Ilha de Santa Catarina? Ilha da Magia? Certo, mas há outro apelido – Ilha da Fantasia. Pronto, o lado obscuro consegue convencer o lado iluminado de que a presença das duas na abertura do congresso é algo muito lógico.
Ok, resolvido o impasse da abertura, vamos aos destaques especiais. Dentre os seis destaques encontramos três professores, um jornalista, um astronauta e uma jogadora de basquete aposentada. Vamos seguir nosso processo de racionalização. O lado obscuro explicou ao iluminado que Marcos Pontes subiu num foguete. Este pode também carregar satélites de telecomunicações. Faz sentido. A presença de Magic Paula foi mais difícil de explicar. O lado iluminado ouviu uma imensa história sobre o uso do celular pelos atletas e outras lorotas teledesportivas. Alegou também que o aro da cesta lembrava uma antena de UHF, tipo loop. Se não acreditou, também não reclamou.
Comentei o assunto com um amigo, engenheiro de telecomunicações, que enviou um pedido de participação no congresso à sua diretoria. Embasou a justificativa nos aspectos técnicos e anexou o prospecto. Hoje teve a resposta. Seu pedido foi negado. Tentou saber a razão da recusa. Ainda não conseguiu, pois a agenda do diretor está lotada.
Só há disponibilidade na agenda dele após um congresso em Florianópolis.
E-mail: prheuser@gmail.com
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