5.9.06

Segmentação do Mercado

Segmentação do Mercado

Por Paulo Heuser

Os primeiros que apregoaram o uso da Internet para negócios foram chamados de sonhadores. No início era impossível mesmo. Conexões que caiam, muito lentas, e usuários pouco treinados foram o primeiro empecilho. Depois vieram as fraudes e as conexões seguras. Hoje as grandes lojas virtuais vendem tanto ou mais do que as lojas reais da mesma rede.

A proibição da propaganda eleitoral clássica exigiu novos meios de propagação da imagem dos candidatos e partidos. O que antes ocupava postes, camisetas, chaveiros e até, pasmem, lixas de unhas, agora circula pela Internet. Recebo muitos e-mails de pessoas que conheço, e de outras que não conheço, contendo propaganda eleitoral reversa. Reversa porque não faz propaganda de candidato ou partido. Faz uma antipropaganda. Nestes dias de aperto do caixa eleitoral, a propaganda via Internet é barata. Manda, se colar, colou.

Há dois tipos básicos de e-mail anti-alguma-coisa ou anti-alguém. O primeiro começa com um “Repassando”. Quase sempre que começa assim, é bomba. Pode ir repassando direto para a lixeira. O segundo tipo é o bem humorado. Charges, textos e filmes que fazem rir. Alguns fazem rir muito.

Dei barrigadas de tanto rir quando assisti ao filme Mera Coincidência (Wag the Dog, 1997), baseado no livro American Hero, de Larry Beinhart, dirigido por Barry Levinson. Retrata sarcasticamente o embate entre os marqueteiros presidenciais, em tempos de campanha. E nos convence que somos os consumidores (eleitores) que devem ser convencidos a consumir (eleger) o produto (candidato). Na terrível rinha de galo entre marqueteiros carecas e com cabelo, escolhemos o galo vencedor. Vence o galo, pagamos as apostas.

Apenas uma coisa me intriga na atual campanha. Por que não utilizam mais os cartões de crédito de afinidade para fazer caixa de campanha? Será que este uso tornou-se prática ilegal? Cartões de afinidade são aqueles que geram algum tipo de vantagem à instituição que está impressa na face, ou ao portador, como milhagem. Pena que os brindes de campanha estão proibidos.

Já imaginou o leque de possibilidades que seria aberto? Quarenta mil pontos no programa de recompensas do cartão poderiam levá-lo a um jantar no Disney Wold com o sósia do Bush ou a um almoço no hospital com o sósia do Castro. Hambúrguer ou pamonha sem sal (o prato), a escolha seria sua, dependeria apenas da afinidade do seu cartão.

Para os alinhados bem a bombordo, queima de lavouras trangênicas ou de mudas de eucalipto. Para os alinhados a boreste, piquenique da KKK – Ku Klux Klan, com direito à queima de cruzes e saco de papel na cabeça, ou caçada com bazuca da NRA – National Rifle Association. Esta última daria direito a uns tiros com Charlton Heston. Os programas de recompensa para os mais centrados seriam abolidos. A procura seria nula mesmo.

Ficaria estranho usar a palavras crédito, na conjuntura política atual? Ora, sempre poderíamos chamá-los de cartões de descrédito. Afinal, o que é um nome?

E-mail: prheuser@gmail.com