O Diabo e a Formiga
O Diabo e a Formiga
Por Paulo Heuser
Há um velho ditado que diz: “O diabo sabe mais por velho que por diabo”. Desconheço o autor. Sábios, ditado e autor, tão sábios que apenas percebemos a verdade nele contida quando ficamos mais velhos. Quanto mais velhos? O suficiente para que percebamos a verdade nele contida. A recursividade da relação entre o ditado e a idade impede que ele seja utilizado pelos mais jovens. O que é lamentável, por um lado, comemorável, por outro. Evitaria uma longa série de percalços na vida das pessoas. Evitaria também uma série de experiências ruins, que nos ensinam muito. O melhor mesmo é um equilíbrio entre o ouvir da experiência e o ousar na ação. Equilíbrio difícil de se conseguir.
Por Paulo Heuser
Há um velho ditado que diz: “O diabo sabe mais por velho que por diabo”. Desconheço o autor. Sábios, ditado e autor, tão sábios que apenas percebemos a verdade nele contida quando ficamos mais velhos. Quanto mais velhos? O suficiente para que percebamos a verdade nele contida. A recursividade da relação entre o ditado e a idade impede que ele seja utilizado pelos mais jovens. O que é lamentável, por um lado, comemorável, por outro. Evitaria uma longa série de percalços na vida das pessoas. Evitaria também uma série de experiências ruins, que nos ensinam muito. O melhor mesmo é um equilíbrio entre o ouvir da experiência e o ousar na ação. Equilíbrio difícil de se conseguir.
Se não perdemos a capacidade de contestar, quando envelhecemos, podemos praticá-la no próprio ditado. Quanto mais aprendemos, mais ignorantes nos percebemos. Este é um efeito colateral do saber. Saber a imensidão do que não sabemos. A cada nova revelação, diversas novas questões. A criança enche-se de conhecimento, na fase dos “por quês”, confiante na sabedoria dos adultos que tudo sabem, aparentemente. Até o dia em que crescem e percebem que o aparentemente é mesmo um apenas aparentemente. E assim abre-se um funil de conhecimento que vai alargando seu diâmetro, mas sempre mantendo a boca muito maior do que o sumidouro. “Neste mundo nada pode ser dado como certo, à exceção da morte e dos impostos” - Benjamin Franklin. Ainda bem que é assim, pois do contrário, já estaríamos espiritualmente mortos, antes da própria morte física.
Imagino a angústia gerada pelo desconhecimento, decorrente do próprio conhecimento, em homens como Albert Einstein, que passou a vida toda perseguindo algo que não alcançaria. E ninguém mais alcançou, até hoje, apesar dos esforços. Uma teoria unificada que consiga explicar, entre outras coisas, a existência de constantes, como a carga elétrica ou a velocidade da luz. Particularmente instigantes são os estudos que remetem às fronteiras entre Física, Filosofia e, por que não, Religião. As duas primeiras em uma constante relação de amor e ódio com a terceira, ora conflitando, ora se apoiando.
Talvez um dia consigamos desvendar os infinitos mistérios que as ciências nos oferecem. Poderemos descobrir que somos apenas formigas, na fração infinitesimal de tempo anterior à pisada, sob um grande pé.
E-mail: prheuser@gmail.com
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