Sinuca Socioeconômica (de Bico)
Sinuca Socioeconômica (de Bico)
Por Paulo Heuser
Nos campos, onde reina o minifúndio, as propriedades não podem mais ser divididas entre os herdeiros, pois as sucessivas divisões as reduziram muito em tamanho. A contínua exploração torna as terras pouco produtivas. Em outras regiões, porções maiores de terra pertencem a verdadeiros senhores feudais. O abandono do campo de nada adianta, pois os camponeses não encontram emprego nas cidades, aumentando a miséria urbana. A indústria manufatureira necessita trabalhadores qualificados, não de camponeses sem qualificação para os novos tipos de trabalho.
Por Paulo Heuser
Nos campos, onde reina o minifúndio, as propriedades não podem mais ser divididas entre os herdeiros, pois as sucessivas divisões as reduziram muito em tamanho. A contínua exploração torna as terras pouco produtivas. Em outras regiões, porções maiores de terra pertencem a verdadeiros senhores feudais. O abandono do campo de nada adianta, pois os camponeses não encontram emprego nas cidades, aumentando a miséria urbana. A indústria manufatureira necessita trabalhadores qualificados, não de camponeses sem qualificação para os novos tipos de trabalho.
Os artesãos urbanos, como os alfaiates, tecelões e os carpinteiros, vêem seu trabalho desvalorizado, substituídos pelas máquinas. Acabam trabalhando como operários, recebendo baixos salários. Poucos ainda conseguem emprego, pois cada máquina substitui diversos artesãos, aumentando em muito a produção e o desemprego. As campanhas de vacinação em massa aumentam a expectativa de vida da população, aumentando a demanda pelos novos empregos, inexistentes.
Brasil, Século XXI? Não, Alemanha, Século XIX. Serviria também para a Itália, Polônia, e outros países. O que fazer para resolver uma situação dessas, verdadeira sinuca de bico – sem saída? Eles emigraram, deixaram suas pátrias para tentar a vida em um mundo muito mais primitivo, quando comparado com aquele que deixaram para trás. Chegaram onde estamos. Muitos prosperaram, após grandes dificuldades e sofrimento. Outros nem chegaram aqui, morreram pelo caminho. Vê-se um novo ciclo que vem se fechando. Após mais de um século, a situação se repete, e não é de hoje.
Os descentes dos imigrantes vêem uma repetição do que os seus ascendentes enfrentaram na Europa, no Século XIX. Não há mais como dividir os minifúndios. Não há emprego suficiente, ainda mais com o País andando de lado, há muito. O agronegócio, espécie de indústria agrícola, tira a competitividade dos pequenos agricultores. A divisão dos latifúndios não encontra amparo legal ou vontade política, ou um, ou outro, ou ambos. Só se sabe que não funciona. E, se funcionar, o resultado é discutível, pois parte dessas terras não se aplica à policultura, típica atividade dos minifúndios. O trabalho cooperativado, em grandes extensões de terra, como os latifúndios, provavelmente levará novamente à concentração da propriedade nas mãos de poucos cooperativados, criando novos feudos. A exploração do homem, pelo homem, não é uma probabilidade, é uma certeza.
O que fazer, então? Ora, vamos voltar!
E-mail: prheuser@gmail.com
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