Anphitheatrum Flavium
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Amphitheatrum Flavium
Por Paulo Heuser
Quem chega a Paris, quer ver a Torre Eiffel, quem chega a Roma, quer ver o Coliseu. Quem chega pelo metrô, descendo na estação Colosseo, sobe ansioso o lance de escadas que leva a Piazza Del Colosseo – Praça do Coliseu. Ao deixar a estação, os turistas vêem o cartão postal de Roma. Está lá, do outro lado da avenida. Lá os temidos motoristas romanos mudam um pouco seu comportamento. Sensibilizam-se com aqueles pobres coitados estrangeiros que insistem em atravessar a Via dei Fori Imperiali sem olhar para os lados. A construção iniciou em 72 d.C., durante o império de Vespasiano e foi concluída em 80 d.C., por Tito.
Por Paulo Heuser
Quem chega a Paris, quer ver a Torre Eiffel, quem chega a Roma, quer ver o Coliseu. Quem chega pelo metrô, descendo na estação Colosseo, sobe ansioso o lance de escadas que leva a Piazza Del Colosseo – Praça do Coliseu. Ao deixar a estação, os turistas vêem o cartão postal de Roma. Está lá, do outro lado da avenida. Lá os temidos motoristas romanos mudam um pouco seu comportamento. Sensibilizam-se com aqueles pobres coitados estrangeiros que insistem em atravessar a Via dei Fori Imperiali sem olhar para os lados. A construção iniciou em 72 d.C., durante o império de Vespasiano e foi concluída em 80 d.C., por Tito.
A vizinhança do Coliseu é tão ou mais fantástica do que o próprio. Do Arco de Constantino ao Foro Romano, cada passo é um mergulho na história. A vista do Foro a partir da Casa das Vestais é impressionante. O Templo de César, o Circo Máximo, o Templo de Saturno, de Antonio e Faustina, o Arco de Tito, tudo está concentrado no centro de Roma. Poderíamos perambular durante meses por ali, sempre descobrindo algo novo, muito velho. Dos arcos externos do Coliseu vê-se o monumento a Vittorio Emanuele II, muito mais recente, mas igualmente impressionante.
Quem viveu a época dos grandes épicos cinematográficos, como eu, lembra-se do Coliseu de Roma como arena de lutas. O povão ficava sentado naquelas arquibancadas, dividido conforme a cor do cartão de crédito, enquanto os leões devoravam cristãos e os gladiadores se matavam na arena. Spartacus (1960) de Stanley Kubrick, com Kirk Douglas, foi um clássico cinematográfico sobre gladiadores. Os gladiadores foram escravos que sonhavam com a liberdade, conseguida após vencerem as lutas no Coliseu. Eram zeros à esquerda que podiam ser alçados ao sucesso, graças ao gládio. Os combates faziam parte da política panis et circensis – pão e circo -, concebida para distrair o povo. Segundo os filmes de época, o destino dos gladiadores incapacitados pelos ferimentos era decidido pelo imperador, que sinalizava ao vencedor após consultar o público presente. Como o público queria mesmo ver sangue, o final era previsível. O Coliseu chegou a abrigar 50 mil espectadores, número muito expressivo até nos dias de hoje. Cinqüenta mil pessoas certamente têm poder de opinião.
Chegamos a 2008 d.C., e o Coliseu ainda está de pé. Meio descascado e faltando alguns pedaços, porém de pé. Alguns sentem estranhas sensações ao percorrer aquelas arquibancadas. Sentem-se parte da história. Ouvem sons vindos de quase dois mil anos atrás. Quem percorre as ruínas do Foro Romano, com seus palácios e templos, tem mais paz. Há menos turistas andando por lá. Na Colina Palatina, local do nascimento de Roma, pode-se ficar quase sozinho. Menos turistas se aventuram por lá, talvez pela ausência de lojas de lembranças ou de cafés. Sentado sobre uma pedra, observando o Circo Máximo, me ocorreu que a história se perpetua. Foram-se as lutas de gládio, proibidas por Constantino I, ficou o Big Brother Brasil, com seus paredões. Se você deseja que o gladiador 1 morra, disque qualquer-coisa-1. Se deseja que o gladiador 2 morra, disque qualquer-outra-coisa-2. Só não deixe ambos viverem. O público não gosta de finais muito felizes, passando a exigir mais pão. Procuro a tecla correspondente ao Foro Romano, no controle remoto, mas não consigo localizá-la.
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